Por: Natalia Marques
Psicóloga / Coach e Palestrante
É curioso, mas nesta Olímpiada de 2024 (Paris)
tivemos majoritariamente a presença feminina, com 55% dos atletas brasileiros
sendo mulheres.
Esse aumento na participação feminina é
resultado de uma estratégia clara do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e das
federações esportivas de promover maior inclusão e investimento nas mulheres
atletas desde os Jogos de 2016, onde o feminino tem demonstrado maior
desempenho, e geram impacto positivo nas novas gerações. Essa atenção gera um
ciclo virtuoso: mais reconhecimento atrai mais jovens interessadas em se
tornarem atletas profissionais. Além disso, o Brasil tem desenvolvido
estruturas específicas de suporte para as atletas mulheres, incluindo programas
de bolsas e financiamento voltados para a melhoria do desempenho feminino com
maior resiliência (inclusive com apoio emocional as atletas).
Algumas destas atletas garantiram maior parte
de nossas medalhas, como Rebeca Andrade que conquistou quatro medalhas e se
tornou a maior medalhista olímpica na história do Brasil; Ana Patrícia e Duda,
garantiram o ouro no vôlei de praia, fato que não ocorria desde Atlanta 1996; Beatriz
conquistou o ouro na categoria +78kg e ajudou a equipe mista a garantir uma
medalha de prata inédita.
Por outro lado, a competitividade
internacional, solidificada nas equipes masculinas, foram barreiras tanto para
a qualificação de equipes (veja futebol masculino), como também na alta competitividade
durante as Olímpiadas, o que exigirá um novo olhar estratégico e
desenvolvimento da resiliência dos atletas, para a próxima temporada de 2028.
Por outro lado, assistimos um desenvolvimento de alta performance nas equipes Paralímpicas, e isso se deve a alguns fatores sobre os quais devemos refletir.
O Brasil tem investido de forma crescente no
desporto paraolímpico ao longo dos últimos anos. A criação de estruturas
especializadas, como o Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro em São Paulo,
que é uma referência mundial, tem proporcionado condições de treino de alta
qualidade. Além disso, há programas de apoio governamentais e privados que se
focam no desenvolvimento dos atletas com deficiência.
Os atletas paralímpicos brasileiros têm mostrado
uma dedicação e resiliência extraordinárias, superando desafios físicos e
sociais. Essa perseverança reflete-se nas suas performances. Atletas como
Daniel Dias (natação) e Petrúcio Ferreira (atletismo) tornaram-se verdadeiros
ícones internacionais, inspirando futuras gerações e elevando o nível do
desporto paraolímpico no Brasil.
O sucesso nas Paralimpíadas também reflete uma
crescente cultura de inclusão no Brasil. Nos últimos anos, têm sido feitas
campanhas para aumentar a consciencialização e inclusão das pessoas com
deficiência no desporto e na sociedade em geral. Este ambiente de incentivo
permite que os atletas tenham mais oportunidades de competir e se destacar.
Desde os Jogos Paralímpicos de Londres 2012, o Brasil tem conseguido manter-se entre os 10 primeiros países no quadro de medalhas, o que demonstra um crescimento contínuo. Este sucesso contínuo criou uma base sólida para a obtenção de mais medalhas em eventos futuros, como nas Paraolimpíadas de 2024.
Estes fatores combinados mostram por que o Brasil, em muitos casos, teve maior sucesso nas Paralimpíadas do que nas Olimpíadas, refletindo a força, determinação e o apoio que os atletas paraolímpicos têm recebido.
Isto nos mostra que a necessidade da melhoria
constante dos atletas na preparação física e mental de todos os atletas é
fundamental, com maior exposição e pressão por resultados, com desenvolvimento
de infraestruturas e recursos para esse fim. A competitividade global é
crescente e uma mentoria que seja um ciclo de inspiração e motivação é
fundamental. Desenvolver a resiliência dos atletas em todos os sentidos é a
chave para o sucesso.
A verdade “é que nada do que foi será” e esses
fatores combinados fazem com que a determinação nas Olimpíadas continue a
aumentar a cada ciclo, e possam refletir o espírito de superação e excelência
dos atletas de alta performance.
O fato é que todos os atletas que participaram
das Olímpiadas e Paraolimpíadas, com ou sem medalha, merecem nossos aplausos e
apreço, afinal fazem parte da elite esportiva internacional.
Imagino que é uma experiência única, com muita
dedicação e horas de sono e de convívio social e familiar abdicadas.
Em 2028 podemos esperar em Los Angeles, uma
infraestrutura de primeira linha, muita tecnologia e inovação, ações de
sustentabilidade, inclusão e diversidade ainda maior, possivelmente novas
modalidades esportivas e um crescimento ainda maior da competitividade global.
Desejo que nossos atletas tenham apoio e possam enfrentar esse novo desafio com maior investimento, determinação e resiliência.
Natalia Marques - Psicóloga Clínica, Coach e
Palestrante
Especialista na Psicoterapia na Abordagem
Resiliente
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