quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Uma reflexão sobre as Olímpiadas e Paralimpíadas – Determinação, resiliência e investimento

Por: Natalia Marques

Psicóloga / Coach e Palestrante 

É curioso, mas nesta Olímpiada de 2024 (Paris) tivemos majoritariamente a presença feminina, com 55% dos atletas brasileiros sendo mulheres.

Esse aumento na participação feminina é resultado de uma estratégia clara do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e das federações esportivas de promover maior inclusão e investimento nas mulheres atletas desde os Jogos de 2016, onde o feminino tem demonstrado maior desempenho, e geram impacto positivo nas novas gerações. Essa atenção gera um ciclo virtuoso: mais reconhecimento atrai mais jovens interessadas em se tornarem atletas profissionais. Além disso, o Brasil tem desenvolvido estruturas específicas de suporte para as atletas mulheres, incluindo programas de bolsas e financiamento voltados para a melhoria do desempenho feminino com maior resiliência (inclusive com apoio emocional as atletas).

Algumas destas atletas garantiram maior parte de nossas medalhas, como Rebeca Andrade que conquistou quatro medalhas e se tornou a maior medalhista olímpica na história do Brasil; Ana Patrícia e Duda, garantiram o ouro no vôlei de praia, fato que não ocorria desde Atlanta 1996; Beatriz conquistou o ouro na categoria +78kg e ajudou a equipe mista a garantir uma medalha de prata inédita.

Por outro lado, a competitividade internacional, solidificada nas equipes masculinas, foram barreiras tanto para a qualificação de equipes (veja futebol masculino), como também na alta competitividade durante as Olímpiadas, o que exigirá um novo olhar estratégico e desenvolvimento da resiliência dos atletas, para a próxima temporada de 2028.

Por outro lado, assistimos um desenvolvimento de alta performance nas equipes Paralímpicas, e isso se deve a alguns fatores sobre os quais devemos refletir.

O Brasil tem investido de forma crescente no desporto paraolímpico ao longo dos últimos anos. A criação de estruturas especializadas, como o Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro em São Paulo, que é uma referência mundial, tem proporcionado condições de treino de alta qualidade. Além disso, há programas de apoio governamentais e privados que se focam no desenvolvimento dos atletas com deficiência.

Os atletas paralímpicos brasileiros têm mostrado uma dedicação e resiliência extraordinárias, superando desafios físicos e sociais. Essa perseverança reflete-se nas suas performances. Atletas como Daniel Dias (natação) e Petrúcio Ferreira (atletismo) tornaram-se verdadeiros ícones internacionais, inspirando futuras gerações e elevando o nível do desporto paraolímpico no Brasil.

O sucesso nas Paralimpíadas também reflete uma crescente cultura de inclusão no Brasil. Nos últimos anos, têm sido feitas campanhas para aumentar a consciencialização e inclusão das pessoas com deficiência no desporto e na sociedade em geral. Este ambiente de incentivo permite que os atletas tenham mais oportunidades de competir e se destacar.

Desde os Jogos Paralímpicos de Londres 2012, o Brasil tem conseguido manter-se entre os 10 primeiros países no quadro de medalhas, o que demonstra um crescimento contínuo. Este sucesso contínuo criou uma base sólida para a obtenção de mais medalhas em eventos futuros, como nas Paraolimpíadas de 2024.

Estes fatores combinados mostram por que o Brasil, em muitos casos, teve maior sucesso nas Paralimpíadas do que nas Olimpíadas, refletindo a força, determinação e o apoio que os atletas paraolímpicos têm recebido.

Isto nos mostra que a necessidade da melhoria constante dos atletas na preparação física e mental de todos os atletas é fundamental, com maior exposição e pressão por resultados, com desenvolvimento de infraestruturas e recursos para esse fim. A competitividade global é crescente e uma mentoria que seja um ciclo de inspiração e motivação é fundamental. Desenvolver a resiliência dos atletas em todos os sentidos é a chave para o sucesso.

A verdade “é que nada do que foi será” e esses fatores combinados fazem com que a determinação nas Olimpíadas continue a aumentar a cada ciclo, e possam refletir o espírito de superação e excelência dos atletas de alta performance.

O fato é que todos os atletas que participaram das Olímpiadas e Paraolimpíadas, com ou sem medalha, merecem nossos aplausos e apreço, afinal fazem parte da elite esportiva internacional.

Imagino que é uma experiência única, com muita dedicação e horas de sono e de convívio social e familiar abdicadas.

Em 2028 podemos esperar em Los Angeles, uma infraestrutura de primeira linha, muita tecnologia e inovação, ações de sustentabilidade, inclusão e diversidade ainda maior, possivelmente novas modalidades esportivas e um crescimento ainda maior da competitividade global.

Desejo que nossos atletas tenham apoio e possam enfrentar esse novo desafio com maior investimento, determinação e resiliência. 

Natalia Marques - Psicóloga Clínica, Coach e Palestrante

Especialista na Psicoterapia na Abordagem Resiliente

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Psicóloga / Coach / Palestrante

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