quarta-feira, 3 de maio de 2023

Inteligência Artificial, temê-la por quê?

Chegada do ChatGPT reacende a eterna ‘DR’ entre tecnologia e humanidade

Por: Wagner Fonseca - Jornalista e ghostwriter:

Escrevo desde a adolescência, quando sequer sabia haver profissões que me permitiriam um dia conciliar vocação e sobrevivência. Uma decisão assim, a ser levada a sério para o resto da vida, anos depois teria um segundo momento inesquecível.

Foi quando minha potente máquina de escrever manual foi substituída por uma elétrica portátil - que até apagava erros - e finalmente por aquele símbolo imponente da evolução tecnológica humana: um poderoso microcomputador XT, cuja memória hoje sequer teria espaço para armazenar uma singela foto de celular, além de demorar bons minutos para finalmente … esquentar?

Bem, após aquela pioneira tela verde, que chegava a doer nos olhos após minutos de uso, inúmeras gerações de máquinas maravilhosas chegaram. O antes soberano PC encolheu e um notebook hoje comporta mais informação que os gigantescos mainframes dos anos 1970, solenemente hospedados em grandes salas exclusivas, onde apenas técnicos e outros especialistas podiam entrar.

Chegamos a 2023, e depois de um longo voo de cruzeiro, no qual a tecnologia deu mostras de sua força no campo macro, modificando nossa forma de trabalhar, se locomover, bater papo, ir ao banco etc., eis que entra em nossas vidas um novo capítulo dessa história, a Inteligência Artificial.

Ela já estava embutida no nosso dia a dia, quando uma loja aprovava - ou não - o crédito de alguém em segundos, sem fazer uma ligação telefônica sequer. Ou ainda, quando fazíamos uma consulta pretensamente anônima na internet e, daquele momento em diante, choviam ofertas tentadoras em nosso e-mail daquele exato produto ou serviço, sem nada a ver com uma feliz coincidência, é claro.

Só que agora estamos sendo apresentados ao ChatGPT, um ferramenta de IA que, grosso modo, escreve e fala, características com as quais deve substituir a ação humana numa série de situações ainda indefinida, tão novo tudo isso ainda é aqui e lá fora.

Polêmica à parte - pois cientistas de vários segmentos, até mesmo da própria área de IA, acham ser a hora de dar um tempo na introdução do ChatGPT em nossas vidas -  parece mesmo ser necessária uma reflexão especial em momentos assim,  e tantos outros que a  escalada tecnológica certamente ainda nos reserva..

Afinal, invenções revolucionárias costumam modificar o perfil de profissões, costumes, dinâmicas sociais e o saldo resultante disso tudo surge do balanço entre os prós e contras de tantas mudanças, muitas delas se aprimorando e outras simplesmente desaparecendo ao longo do tempo.

Uma coisa é certa, radicalismo nessa hora equivale a simplesmente lutar contra a evolução, algo que eventuais críticos da máquina de escrever, do fax, do telégrafo e outras peças hoje de museu, talvez agora até se envergonhem, por um dia ter tentado sabotar facilidades do dia a dia das quais elas próprias se tornariam beneficiárias.

A propósito, acho que ninguém desistiu de escrever quando se viu na frente de um teclado de computador e agora, certamente, não deixará de pensar só porque máquinas, no máximo, irão imitar essa nossa especialidade, ao mesmo tempo nos liberando mais tempo para exercer valores humanos igualmente  essenciais, porém,  inimitáveis. 

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