Por: Natália Marques:
Estamos no mês de março,
comemoramos o dia Internacional da Mulher, na verdade isso seria desnecessário
se todos os dias elas fossem respeitadas nos seus direitos, e pudessem usufruir
da equidade social de gênero.
Maria da Penha foi uma mulher
vítima de violência doméstica, que depois de quase ser assassinada pelo
ex-marido, lutou para que seu agressor fosse punido, e seus esforços não foram
em vão. Graças a isso em 2006 tivemos a aprovação da lei, que leva seu nome, e
protege outras mulheres vítimas de violência doméstica.
Apesar disso ainda temos um
cenário muito desastroso.
Ao observarmos que entre 2017 e 2022 houve uma queda de 31% nos homicídios em geral no país, no mesmo período verificou-se um aumento de 37% nos feminicídios no Brasil.
Vale ressaltar, que os filhos, frutos desses relacionamentos são sacrificados, seja pela morte da mãe e prisão do pai, ou pela perda de sua própria vida.
Os feminicídios geralmente
refletem a progressiva violência sofrida pela mulher, ou a não aceitação de uma
separação, onde o homem se vê com um poder superior a ela, reflexo da
desigualdade de gênero, baseada na crença de que as mulheres são seres subalternos.
Entre 2020 e 2022, verificou-se
um baixo investimento nas políticas de acolhimento a mulheres vítimas de
violência doméstica, aumento na circulação de armas, medidas protetivas não
fiscalizadas e movimentos retrógrados que defendem a manutenção da desigualdade
de gênero, além do confinamento da Pandemia, onde se acirram os
desentendimentos conjugais.
Ao olharmos ao longo da
história esses sinais de ser inferior e culpada se delineia, quando na criação
do mundo, Eva foi criada a partir da costela de Adão, para lhe fazer companhia,
como também foi responsável ao ceder à tentação da serpente comendo o fruto
proibido, e assim foram expulsos do Paraíso. Na idade média na Europa foram vítimas
da caça às bruxas, perseguidas, torturadas e mortas.
A cultura Europeia teve no seu
bojo a submissão da mulher, a quem foi imputado um segundo plano, sem poder se
destacar como profissional e na política, tabu com o qual se luta todos os
dias.
E porque não falar das
mulheres no mundo Oriental, são proibidas de estudar e de mostrar o próprio
rosto, mantidos debaixo de véus, e sob domínio dos pais e dos maridos.
A cultura Patriarcal se mantém
viva...
O homem que agride uma mulher,
geralmente cresceu num ambiente onde a agressão física e psíquica esteve
presente, seja verbal ou física, com objetivo de dominar e ou educar. A
ingestão alcoólica é um forte aliado na perpetuação da situação.
Por sua vez o perfil da mulher
vítima que pode ter uma autoestima boa, com o passar do tempo pode se perder e
adquirir uma postura retraída, se tornando mais calada por acreditar que não é
boa o suficiente, merece passar por aquilo e tem vergonha de revelar aos outros
o que tem passado. A dependência financeira a leva a uma submissão maior. Por
outro lado, a busca de seus direitos leva o agressor a aumentar a dose de
agressividade, o que vai se tornando cada vez mais perigoso.
Redes de apoio estão cada vez
mais presentes na sociedade, as pessoas estão mais atentas, e muitos movimentos
clamam por uma equidade de gênero, e menos violência, mas ainda encobertos por
um leve verniz de conivência com as velhas estruturas.
Além disso, as mulheres, estão
se fortalecendo cada vez mais, mesmo intimidadas pelos agressores, e criando a
própria resiliência, para poder lidar com as adversidades.
O suporte da sociedade é
fundamental para que esses comportamentos sejam alterados e a vida seja
celebrada em todos os dias.
Nada nos define melhor do que
a sensibilidade que a poesia de Cora Coralina. Esta mulher que em 1922 foi
convidada a participar da Semana de Arte Moderna, mas foi impedida pelo marido.
Em 1965 aos 75 anos publicou seu primeiro livro, passou por muitas adversidades
nos tempos em que viveu, não desistiu de seus objetivos e procurou ser feliz.
a quem o tempo muito ensinou.
Ensinou a amar a vida
e não desistir da luta,
recomeçar na derrota,
renunciar a palavras
e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos
e ser otimista”
Natalia Marques - Psicóloga Clínica,
Coach e Palestrante
Especialista na Psicoterapia na
Abordagem Resiliente
Site e Blog www.nataliamantunes.com.br
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