Por: Antonio Santos
1 - Como encontrar
oportunidades em tempos de crise?
Os momentos de crise, como o que vivemos
atualmente, impactam as empresas e o setor econômico dos países de diversas
formas. Porém, vale lembrar que nessas horas também aparecem as maiores
oportunidades, e as organizações que conseguem se adaptar rapidamente são as
que saem mais fortes após o período de turbulência. Mas, afinal, como encontrar
oportunidades em tempos de crise?
Em tempos de crise é preciso ir além, inovar,
buscar novas experiências e olhar para aqueles que estão triunfando. Mais do
que isso, é preciso identificar oportunidades em meio às fragilidades econômicas
pois superar não é uma escolha, é uma necessidade atual.
Os períodos de crise são momentos propícios
para as empresas evoluírem. Essas situações estimulam a inovação para vencer os
desafios e a diferença diante de cenários desfavoráveis. Em casos mais
críticos, as empresas necessitam repensar a sobrevivência do próprio negócio.
Estimular os funcionários e colaboradores, trazer a equipe para junto de si,
motivar e apostar no crescimento orgânico.
Para isso, é preciso garra, determinação,
empenho, energia, vontade de trabalhar e de mudar. Cada vez mais, precisamos de
pessoas que queiram fazer a diferença.
Apostar em um planejamento estratégico nos dias
atuais, levando em conta que passamos por um processo de instabilidade
financeira, se tornou ferramenta imprescindível para o sucesso de uma
organização. Ele se traduz em medidas que a organização irá tomar para
enfrentar ameaças e aproveitar as oportunidades. Portanto, o planejamento
estratégico pode significar a sobrevivência no amanhã, pois as mudanças
econômicas, sociais, tecnológicas e políticas ocorrem numa certa velocidade e
precisamos acompanhá-las com firmeza.
Para acompanhar todas as transformações da
sociedade, é necessário acreditar piamente na inovação e investir no aumento da
produtividade. Criar novas formas de renda, desenvolver novos produtos ou
serviços, cortar gastos desnecessários e reinvestir de forma consciente e com
um objetivo definido.
Criar diferenciais é primordial para quem se
arrisca em qualquer mercado e, em momentos de crise, a inovação segue como um
caminho natural para as empresas evoluírem.
Temos a inexorável capacidade de nos adaptar ao
meio em que estamos inseridos, e isso engloba as crises pelas quais passamos ao
longo da história. Quem não se adapta, corre o risco de ficar fora do jogo.
2 - Quais foram
algumas das oportunidades surgidas na crise de 2008.
Os danos causados pela crise de 2008 foram os
piores possíveis, devido ao colapso financeiro que se iniciou nos Estados
Unidos com a falência do banco norte-americano Lehman Brothers.
Na ocasião, as pessoas não tiveram condições de
pagar suas hipotecas e, por isso, muitos precisaram sair de suas casas; grandes
marcas da indústria fecharam suas portas; os preços dos alimentos dispararam e
houve desemprego em massa.
Por outro lado, a demanda que apareceu em
função da falta de recursos no mundo impulsionou o surgimento da chamada shared
economy, ou seja, a economia de compartilhamento. Empresas como a Uber e o
AirBnB, que hoje são referências mundiais, nasceram da oportunidade encontrada
em meio aos problemas.
A Uber, por exemplo, surgiu porque muitas
pessoas estavam desempregadas e seus carros estavam parados em casa. O AirBnB
já é a maior rede de hospedagem do mundo e não possui um quarto sequer em seu
patrimônio.
A tecnologia foi o que possibilitou implementar
um sistema completamente novo de colaboração promovendo acesso e possibilidade
de consumo represada em mercados que estavam morrendo.
No entanto, essas mesmas marcas que foram
disruptivas na década passada também vão precisar se reinventar. Até elas
sentira fortemente os efeitos da pandemia do coronavírus, já que a tendência é
que as pessoas fiquem mais em casa. A AirBnB teve de demitir 50% de sua força
de trabalho e Uber teve uma redução drástica no consumo dos serviços ofertados.
3 - Como sair mais
forte dessa situação?
De
fato, o momento é de insegurança, incerteza e muita ansiedade. Contudo, é
preciso parar para pensar em como sair mais forte dessa situação. Uma das
formas de fazer isso é analisar como será o mundo pós pandemia.
O
COVID-19 não atacou somente a saúde das pessoas, ele atacou também a base
estrutural da sociedade, causando problemas sociais e econômicos.
Portanto,
é importante ter uma visão holística de todas as suas consequências para criar
um planejamento, priorizar esforços e recursos para a melhor tomada de decisão.
Nossa
empresa, por exemplo, está proporcionando aos empresários uma forma mais
moderna e dinâmica dos serviços home office. Nosso objetivo é que o gestor
foque toda a sua energia e recursos no objeto do seu negócio, enquanto nós nos
preocupamos com a gestão e os serviços administrativos, financeiros, contábeis
e TI, além de assessoria jurídica para que a empresa possa estar sempre dentro
das normas legais, ambientais e de sustentabilidade.
4 - Quais são os
principais fatores que já resultaram em mudanças de comportamento da
sociedade?
Insegurança em relação a investimentos,
principalmente os de maior risco;
Possível aversão à aglomerações e locais cheios
de gente;
Maior exigência por eficiência e rapidez por
parte do atendimento das empresas.
Nessa última questão podemos observar nossa
própria reação quando vamos a um restaurante, desses que atendem “A La Carte”.
Antes dessa pandemia, íamos a esse restaurante e esperávamos 5, 10 minutos para
o garçom nos atender, sem que isso gerasse qualquer mal estar. Hoje se ele
demorar mais de 2 minutos já nos causa ansiedade, pois nos acostumamos a ser
atendidos imediatamente quando solicitávamos nossas refeições pelo aplicativo.
5 - E quais serão os
outros principais impactos da pandemia no comportamento das pessoas na
fase pós crise?
Maior necessidade de utilização de plataformas
digitais: aumento das compras on-line e uso de serviços de delivery, por
exemplo;
Aceleração da transformação digital no ambiente
de trabalho e educação;
Aumento da dependência da internet;
Crescimento de plataformas digitais de
conteúdo/ streaming. Aumento do uso dessas plataformas para realização de “lives“,
para receber notícias e manter a conexão com amigos e familiares;
Diminuição do poder aquisitivo da população,
sendo que 50% será gravemente afetada. A demanda reprimida que haverá no pós
crise vai equilibrar a sede de consumo com a utilização racional dos recursos;
Por conta da tendência de isolamento social,
possivelmente as pessoas vão ganhar peso e ter mais problemas emocionais e de
saúde. É possível que haja maior busca por produtos e serviços de beleza e um
aumento na demanda por academias, terapias, serviços de psicólogos, etc.
É possível que haja um número maior de
divórcios, como aconteceu na China;
É possível que a consciência do coletivo
aumente e que haja uma maior distribuição de renda;
Urgência na retomada de decisões importantes
que foram postergadas e na compra de bens duráveis, como imóveis.
E aqui está a chave da inovação e da adaptação
das empresas e de todos nós, empresários, prestadores de serviços de qualquer
área. É entender essa mudança no comportamento dos consumidores para poder se adaptar
rapidamente o seu negócio a uma nova realidade é preciso estar muito atento ao
que o consumidor quer e o que está buscando.
Não adianta termos o melhor produto do mundo,
se não é isso que o consumidor quer, não adianta termos um serviço que o
consumidor não deseja mais. Estamos passando por mudanças tão aceleradas que,
provavelmente, acontecerão mais transformações nos próximos três meses do que
aconteceram nos últimos três anos.
6 - Como enxergar a
oportunidade em tempos de crise?
Mesmo sabendo de todos os desafios que o
período traz, é fundamental manter a cabeça no lugar e refletir racionalmente
sobre os fatos. A verdade é que, depois que tudo isso passar, as pessoas
ficarão mais em casa, farão mais compras on-line, e exigirão que todos os
serviços resolvam seus problemas por meio de uma plataforma digital e de forma
rápida.
Mas o mais importante é perceber que uma crise
da magnitude do COVID-19 causa mudanças profundas na sociedade, afetando
negócios e criando as condições necessárias para a disrupção.
Vamos ver alguns casos muito próximos. O I Food
criou o serviço de entrega de supermercados, pois muitas pessoas alguns por
medo e outros por idade ou por dificuldades de deslocamento, tinham e tem
dificuldades de realizarem suas compras. Uma necessidade nova = oportunidade =
Empresário atento vislumbrou essa possibilidade e colocou em prática.
Agora vamos analisar um outro caso de uma perda
de oportunidade. A todos que nos assistem e que moram ou moraram principalmente
em capitas, e que nasceram antes dos
anos 2000, com certeza devem lembrar da Blockbuster.
Essa empresa americana, criada no ano de 1985
foi um marco na vida do brasileiro.
Ela era uma das gigantes no setor de
entretenimento, queridinha dos investidores.
Provedora de serviços de aluguel de filmes e
games, essa empresa teve seu pico de crescimento em 2004 com 9.094 lojas no
mundo e seu valor em bilhões.
No entanto, apesar do sucesso, a Blockbuster
foi rapidamente da ascensão à queda, sem nem respirar.
Em 2000, quando a Netflix ainda era uma startup
de aluguel de DVDs pelo correio, a empresa estava em apuros.
O estouro da bolha da internet a havia deixado
em uma situação financeira complicada. Mas uma reunião conseguida por seus
fundadores poderia salvá-la: John Antioco, CEO da Blockbuster, então líder
mundial no ramo de aluguel de filmes, queria conversar sobre uma possível
compra.
É o que conta o fundador da gigante de
streaming Marc Randolph, em seu livro That Will Never Work (“Isso Nunca Irá
Funcionar”, em inglês). O resultado da reunião, sem acordo entre as partes,
deve assombrar Antioco até hoje.
Randolph conta que estava na California em 2000
com Reed Hastings, outro fundador da Netflix, e Barry McCarthy, CFO da empresa.
Eles receberam um convite para uma reunião com Antioco no dia seguinte, em
Dallas, na sede da Blockbuster.
Apesar do curto espaço de tempo, conseguiram
fretar um voo até o Texas para a manhã seguinte.
Para Randolph e Hastings, um negócio com a
Blockbuster era algo que poderia salvar a Netflix. Havia meses que ambos
tentavam marcar um papo com Antioco.
Mas o CEO da rede de locadoras não estava
levando a ideia da startup a sério.
Durante a conversa, um executivo da Blockbuster
disse duvidar do poder da internet e dos benefícios de ter uma empresa online
como parceira. A bolha da internet havia acabado de estourar, e a Blockbuster
vivia um grande momento. A rede de locadoras tinha estreado com sucesso na
bolsa. O IPO da empresa levantou na época US$ 465 milhões.
Ao ser perguntado sobre um preço para a compra
da Netflix, Hastings imediatamente respondeu: US$ 50 milhões. Era exatamente a
quantidade necessária para manter a empresa de pé. Antioco, no entanto, reagiu
de forma inesperada. Segundo Randolph, estava fazendo o máximo para segurar uma
risada
Depois disso, as conversas azedaram e um acordo
não foi fechado.
O resto da história é conhecido: a Netflix
conseguiu sobreviver com seu sistema de aluguel por correio. Mais tarde,
tornou-se uma das precursoras do formato de streaming e rapidamente explodiu em
valor de mercado. Em 2018, chegou a estar avaliada em quase US$ 180 bilhões. A
Blockbuster, mesmo em seu auge, nunca valeu mais que US$ 5 bilhões. Hoje, para
o mercado, a Netflix é mais valorizada que a própria Disney.
7 – Teoria das
forças futuras. O que seriam essas forças e como impactam no surgimento de
oportunidades?
Existem 11 forças
macro de mudanças e que geralmente estão fora do controle das organizações.
Essas forças estão se transformando de maneira acelerada nesse exato momento
por conta da pandemia. A quebra de paradigmas, geralmente, é a consequência da
mudança de algumas dessas forças:
1. Distribuição de
renda
Crises econômicas
geralmente alteram a distribuição da renda e criam novas necessidades. Essas
mudanças atraem o aparecimento de novos modelos de negócio.
2. Educação
Escolas e
universidades migraram temporariamente seus métodos de ensino para o digital e
a oferta de cursos on-line se multiplicou.
3. Infraestrutura
Toda a
infraestrutura está sendo adequada às novas necessidades da população, seja no
trabalho em home office, seja na digitalização das relações e do
entretenimento, seja em relação à mobilidade, etc.
4. Governo
Mudanças
regulatórias estão sendo discutidas para acomodar melhor a vida de seus
cidadãos e acelerar inovações tecnológicas capazes de trazer mais segurança e
conforto.
5. Geopolítica
O COVID transformou
as relações entre os países, desde o fechamento de fronteiras, até acordos
comerciais.
6. Economia
A diminuição da
renda e a alta taxa de desemprego vai gerar um forte impacto no consumo.
7. Saúde pública
Como implementar
melhorias nos sistemas de saúde públicos para combater a pandemia será o centro
das discussões por um bom tempo.
8. Demografia
Infelizmente, a taxa
de novos casos de pessoas infectadas e a taxa de mortalidade entre diferentes
faixas da população poderão gerar impactos na demografia dos países.
9. Meio Ambiente
Com uma menor
circulação de pessoas nas ruas já se nota uma grande diminuição nos níveis de
poluição das cidades.
10. Mídia e
Telecomunicações
Profundas
transformações estão acontecendo na maneira como nós trocamos e consumimos
informações e na forma como nos conectamos com as pessoas.
11. Tecnologia
Tecnologia é a
espinha dorsal que liga negócios e sociedade e, por isso, ela permeia todas as
outras 10 forças. É fundamental perceber a demanda pelo aparecimento de novas
tecnologias, bem como sinais de novas necessidades dentro de outras fontes de
mudança.
Encerramento
Com toda essa
informação e dentro da sua realidade, é preciso refletir sobre como você e a
sua empresa podem oferecer serviços com excelência para esse novo perfil de
consumidor.
Por fim, pensar em
como encontrar oportunidades em tempos de crise e se manter vivo em meio a
tantas incertezas, envolve não se prender ao conhecido e sair da zona de
conforto. Redirecione sua atenção para o novo e tente identificar as
tendências.
Estou à disposição
para analisar com cada empreendedor sobre as possibilidades do seu negócio, seu
mercado, seus clientes e em como buscar novas oportunidades para gerar
crescimento com sustentabilidade.
Consultor, Mentor,
Palestrante e Coach nas áreas de Controladoria, Finanças, Custos, Planejamento,
Orçamento, Indicadores de Desempenho e Gestão de Negócios.
Antonio Saǹtos
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